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domingo, 23 de junho de 2013

Entre nomes, renomes e disfarces

A mudança de nome de lugares da cidade demora a se tornar uma referência para a sociedade. Esta é a opinião do professor da PUC-Rio Renato Gomes, autor do livro “Todas as cidades, a cidade: literatura e experiência urbana”.
- Os monumentos da cidade têm uma relação entre o nome e o uso para o habitante. Eles passam a ser uma forma de localização. A referência histórica perde o peso diante da necessidade diária, como diz Brissac, afirma o professor.
Em “A cidade e seus fluxos”, Nelson Brissac defende a mesma opinião: “O retrato deles (os indivíduos) é atemporal, desligado de experiência, feito maquinalmente”.

Chafariz sem utilização na Praça Quinze

No centro da Praça VX existe um chafariz desativado que foi construído pelo Mestre Valentim em 1789. O monumento é um símbolo da praça e hoje funciona como ponto de encontro. Poucos sabem que ele é mantido ali como marco da época em que a praça era espaço de desembarque de navios. O chafariz servia para abastecer os navios e a tripulação.
- Para muitos isso pode ser só um trambolho no meio da praça, mas ele tem seu espaço na história e seu motivo para preservação, afirma o historiador Daniel Mesquita.
Outra construção que passa despercebida é o Museu da Imagem e do Som do Rio. Ele foi inaugurado em 1965, como parte das comemorações de 400 anos da cidade, só que o prédio guarda histórias ainda mais antigas. A construção foi realizada em 1922 para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil. Nem sua condição atual, muito menos a antiga captam a atenção das pessoas que passam no terminal rodoviário da Praça XV.
- Para mim esse era um prédio vazio. Fico dez horas aqui todos os dias e nunca me dei conta do que se passava ali dentro, conta o fiscal de ônibus Nelson Pacheco.
Museu da Imagem e do Som escondido ao lado de um dos
terminais de ônibus mais movimentados da cidade

Não são apenas os pequenos edifícios que escapam do interesse público. O imenso Palácio Tiradentes, que abriga a Câmara dos Vereadores da cidade, hoje é conhecido como o “centro da democracia”, mas antes disso foi sede do órgão fiscalizador de mídia do Estado Novo, o Departamento de Imprensa e Propaganda, um dos marcos da censura brasileira. Antes disso ainda foi o local de prisão e morte de Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira, que lutava contra a Monarquia.

- A Praça Tiradentes possui este nome, mas nela há o Monumento a Dom Pedro I, com inúmeros símbolos da Monarquia, justamente o motivo da luta de Tiradentes, conta o historiador Daniel Mesquita.

Ironia: na Praça Tiradentes, o Monumento a Dom Pedro I

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